O Aeroporto de Congonhas tem uma relação de amor e ódio com a cidade de São Paulo e seus usuários. Se por um lado está próximo ao centro da cidade, o que facilita o acesso, por outro lado incomoda e até mesmo amedronta seus vizinhos.
Estas cenas são de outros tempos do aeroporto, que vai dos anos 30 até os anos 80. Congonhas sempre teve seu charme, apesar de ser mais desconfortável e apertado que muitas estações rodoviárias.
Os Douglas DC-3 acima foram fotografados, provavelmente na década de 1940, talvez até mesmo na década de 1930, quando Congonhas recebia aeronaves desse tipo operadas por empresas estrangeiras, como a Pan Am. A infraestrutura, como se pode notar, era muito precária, e o aeroporto só conseguiu melhorias a partir da década de 1950.
Este rolo compressor foi uma das máquinas utilizadas para pavimentação das pistas e pátios de Congonhas, nos anos 40. Várias áreas do aeroporto receberam pavimentação em paralelepípedos, ainda existente nos pátios da antiga Vasp.
Na década de 1940, o terminal de passageiros era modesto e uma pequena torre de controle já existia para controlar o tráfego aéreo. A pavimentação ainda era restrita, como se pode ver na foto, e também bastante precária. Para suportar o peso de aeronaves maiores, precisou ser inteiramente refeita várias vezes.
Essa foto, do começo dos anos 50, mostra duas aeronaves típicas da época, os SAAB Scandia e os Vickers Viscount (ao fundo). As Kombi furgão eram onipresentes no aeroporto, pois praticamente todas as empresas as utilizavam.
Na década de 1950, como se pode ver na foto, um belo jardim separava a estação de passageiros do pátio das aeronaves. Ao longo do tempo, tal jardim foi sendo reduzido até ser eliminado de vez, para o pátio acomodar aeronaves cada vez maiores.
Os Douglas DC-6, como o do foto, e os DC-4, foram os quadrimotores a pistão mais comuns em Congonhas, e foram utilizados pela Vasp, Varig, Real, Paraense, Lóide Aéreo, Panair e várias empresas estrangeiras. Nessa época, o aeroporto recebia todo o tráfego doméstico e internacional destinado a São Paulo. Somente a partir de 1960 o tráfego dos jatos comerciais internacionais foi transferido para o novo aeroporto de Viracopos, em Campinas. Congonhas nunca recebeu os grandes jatos internacionais, que operaram na BASP - Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, provisoriamente, até que Viracopos ficasse pronto.
Nessa rara foto colorida, pode-se ver um Douglas DC-4 do Lóide Aéreo, assim como o jardim que separava a estação do pátio.
Pode-se ver, nessa foto, a extensão dos jardins que separavam a estação do pátio de aeronaves. Existia uma cobertura para proteger os passageiros das intempéries até o pátio. O acesso não era tão restrito como hoje, e os passageiros circulavam no jardim, como em uma praça. Pode-se ver o grande número de curiosos que se amontoavam no teto da estação, para observar o movimento de aeronaves. São Paulo tinha pooucas opções de lazer nessa época, década de 1950, e era um programa habitual do paulistano ir ao aeroporto. O terraço era apelidado "Prainha dos Paulistanos".
Nos tempos de aeroporto internacional, podia-se ver os balcões de várias companhias estrangeiras no aeroporto, como se pode ver na foto. À época, viajar de avião era praticamente um evento social, que exigia trajes adequados, como terno e gravata para os homens, e os melhores vestidos para as mulheres.
Os Lockheed Super Constellation estavam entre os maiores aviões a pistão da época, final da década de 1950. Faziam linhas internacionais. A aeronave da REAL da foto acima voava entre Buenos Aires e Miami, com escala em Congonhas, e depois passou a voar para Los Angeles e até mesmo Tóquio, no Japão.
Os Boeing 727 e 737-200 eram típicos dos anos 70. Nessa foto colorida, pode-se ver aeronaves das empresas Aerolíneas Argentinas, Varig e Vasp.
Uma criança posa para uma foto em frente a um DC-3 da REAL, no final dos anos 50. A REAL desapareceria de cena pouco depois, absorvida pela Varig em 1961.
A Seleção Paulista de Futebol embarca em um Convair da REAL para disputar um jogo fora. Os Convair eram aeronaves confortáveis, pressurizadas, bem superiores aos DC-3 ainda amplamente utilizados na época.
O Focke Wulf 200 ddo Sindicato Condor foi o primeiro quadrimotor utilizado por uma empresa aérea brasileira. Pode-se ver na foto a precariedade do Aeroporto de Congonhas na época, década de 40.
Os Airbus A300 foram os maiores aviões de passageiros que operaram em Congonhas. Na foto, vê-se a chegada do primeiro A300 da Vasp, o PP-SNL, em 1982. Essa aeronave voou até setembro de 2004, quando foi retirada de serviço para fazer um Check D, jamais concluído. Sua estrutura oca foi desmontada finalmente em abril de 2012, em Congonhas.
Na década de 1950, Congonhas ganhou uma estrutura muito melhor, como se pode ver na foto, da ala internacional.
Os aviões da REAL eram onipresentes em Congonhas no final da década de 1950. A REAL foi a primeira empresa Low-Cost - Low Fare do mundo, mas terminou seus dias pouco depois, absorvida pela Varig.
Estação de passageiros do Aeroporto de Congonhas nos anos 50. Sua estrutura básica ainda existe, e compõe o centro do atual terminal.
O piso xadrêz da estação de passageiros de Congonhas foi preservado até hoje, e é uma "marca registrada" do aeroporto. Nessa época, no entanto, o movimento de passageiros era muito menos do que nos dias atuais.
Vista panorâmica da antiga ala internacional do aeroporto, nos anos 70.
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ResponderExcluirBoa noite. As minhas desculpas pela remoção do anterior comentário dado que continha uma imprecisão relativa a um problema técnico que ficou solucionado de seguida. No entanto não quero deixar de sublinhar o interessante trabalho aqui apresentado.
ResponderExcluirMuito bom o blog sr: Professor Jonas Liasch.
Saudações, aqui de Portugal Continental.
Zé
Jonas.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo.
Uma pergunta: Os aviões mais antigos voavam mais baixo, o que os deixava mais suscetíveis a turbulências. É correto afirmar isso? Valeo um texto no blog?
E lembre que você disponíveis as fotos que tirei no museu da USAF.
Um abraço.
Sim, Luiz, é correto afirmar isso sim, especialmente para os aviões não pressurizados. Não esqueci as fotos que vc tem do Museu da USAF, pode deixar. Grande abraço.
ExcluirJonas, a VASP nunca operou o Focke-Wulf Fw200. Os únicos dois exemplares da aviação comercial brasileira pertenceram à Kondor Syndicat, posteriormente Sindicato Condor e finalmente Cruzeiro do Sul. Abraço
ResponderExcluirSuas matrículas eram PP-CBI e PP-CBJ. A fonte é o livro do Aldo Pereira.
ResponderExcluirotimo arquivo sobre comgonhas hoje e um dos aeroportos mais perigosos do nundo mais tambem o mais historico apesar de ter matado centenas de pessoas no acidente da tam
ResponderExcluirBons tempos em que todos podiam ir ao terraço ver pousos e decolagens, até que uma maldito restaurante conseguiu acabar com a alegrias de todos!
ResponderExcluirInfelizmente, aqui no Brasil os administradores de aeroportos preferem afastar cada vez mais os observadores de aeronaves, os "plane spotters" Quando estive no Japão, vi outra realidade: o Aeroporto de Nagoya tem um enorme terraço aberto, repleto de alegres spotters com suas máquinas fotográficas. Parecia uma festa.
ExcluirAlexandre, o restaurante sempre funcionou junto com o terraço. Ele pode ser visto na foto em que aparece a bandeira do Brasil, no segundo andar, de formato arredondado.
ExcluirEle ainda existe, mas você dá de cara com uma parede de concreto, que é a sala de embarque do primeiro andar.
O terraço desapareceu.
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ResponderExcluirConheci o blog pois vi em alguma fanpage a divulgação do piso do aero de Congonhas.
ResponderExcluirEu adoro aviação, ms nunca tive vontade de ser uma comissária....e ou trabalhar na área.
Sempre que vejo um avião no céu, o barulho, viro pra olhar, adorooo
Grasi
adoroolilas.blogspot.com
ah já estou seguindo o blog
Ótimo artigo!!! parabéns pela pesquisa!
ResponderExcluirProf. Jonas,
ResponderExcluirMeu pai trabalhou em Congonhas por 18 anos (de 1958 a 1976). Passei minha infância dentro do aeroporto e conhecia cada pedaço dele. Tenho uma foto que gostaria de lhe enviar, como faço?
Abraços,
Antônio Rafael de Alcântara da Rocha
Antônio, pode mandar para o email jonas@aeroclubedelondrina.com.br. Mande teus dados, para que eu possa citar a fonte da foto, caso venha a publicá-la. Muito obrigado!!!
ExcluirNa foto onde aparece um 727 da VARIG, o 737 da esquerda, na mesma foto, é da Aerolineas Argentinas, e não da Cruzeiro, como postado.
ResponderExcluirAbsolutamente correto, foi realmente falta de atenção minha à foto. Obrigado pela correção, vou corrigir a legenda da foto.
ExcluirMuito bom. E agradeço a referência ao livro de meu pai aldo Pereira, na resposta sobre o FW 200
ResponderExcluirAldo Pereira sempre será uma das melhores referências sobre a aviação comercial brasileira, muito do que sabemos sobre o assunto deve-se unica e exclusivamente a ele.
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ResponderExcluirPrimeiro Decreto de indenização , das áreas que pertenceram a Dolor Bernardino do Carmo , para a construção e o nascimento do aeroporto da capital de São Paulo , dentro dos padrões necessários da época , a ampliação e as obras já é uma outra historia , independente dessa história ..........http://imprensaoficial.com.br/DO/GatewayPDF.aspx?link=/1937/diario%20oficial/setembro/25/pag_0001_F717Q2QC8AE4Ve36TEUAAN8209C.pdf..... Um registro que foi ocultado por interesses políticos , devido a dificuldade de informação ..
ResponderExcluirhttps://youtu.be/xUA16lhr2xg
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ResponderExcluirVocê Sabia ? Em 1936, pela primeira vez um aeroplano partiu de São Paulo com destino à cidade do Rio de Janeiro e a cidade ganhou um novo aeroporto na região da Vila Congonhas, no Campo Belo. O nome Aeroporto de Congonhas foi uma homenagem ao Visconde de Congonhas do Campo, Lucas Antônio Monteiro de Barros, primeiro governante da Província de São Paulo após a Independência do Brasil. A área do aeroporto , foi uma permissão do Sr. DOLOR BERNARDINO DO CARMO , um oficial da Guarda Nacional do palácio do governo do estado de SP de Campos Elíseos de 1910 , que cedeu e permitiu que Luiz Romero Sanson "prop. da Auto Estrada" construísse a primeira pista do Aeroporto da Capital de São Paulo em sua propriedade , foi construído com uma arquitetura inspirada no estilo art déco, obra de Ernani do Val Penteado e Raymond A. Jehlen. O prédio e os elementos internos - mobiliário, revestimentos, portas, forros; obras artísticas e até um hangar - são tombados pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – Conpresp.
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