A Panair do Brasil era a maior empresa aérea brasileira quando teve sua falência decretada pelo Governo Militar em fevereiro de 1965.
A Panair foi uma das companhias aéreas pioneiras do país. Nasceu como subsidiária de uma empresa norte-americana, a NYRBA (New York-Rio-Buenos Aires), em 1929. Foi incorporada pela Pan American World Airways em 1930, tendo seu nome modificado de Nyrba do Brasil para Panair do Brasil, em referência à empresa controladora (Pan American Airways).
A Panair do Brasil foi a primeira empresa aérea brasileira a voar para a Europa, iniciando seus vôos em 1946 com os novos Lockheed L-049 Constellations. Um Constellation da Panair foi o primeiro avião comercial estrangeiro a operar no então novíssimo aeroporto internacional de Heathrow, em Londres, quando ainda nem existiam os terminais. Os passageiros desembarcavam no pátio e iam a barracas militares que abrigavam os serviços de desembarque, imigração e alfândega.
Os vôos para a Europa foram posteriormente estendidos para o Oriente Médio. Aeronaves Douglas DC-7C posteriormente substituíram os Constellation nas principais rotas internacionais.
A Panair adquiriu depois aeronaves a jato Sud Aviation Caravelle e Douglas DC-8, no início da década de 1960, o que a manteve com uma empresa aérea de primeira linha na América Latina.
Nessa época, a Panair já não tinha mais capital americano, e era controlada por um grupo de empresários brasileiros liderados por Paulo de Oliveira Sampaio, Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen.
A Panair ainda mantinha rotas em áreas remotas do território brasileiro, como a Amazônia, operando aeronaves anfíbias Consolidated PBY-5A Catalina, uma reminiscência dos tempos em que os hidroaviões dominavam as rotas internacionais.
A Panair dispunha de excelentes instalações próprias, e formou uma empresa de telecomunicações, a TASA - Telecomunicações Aeronáuticas SA, posteriormente estatizada e depois incorporada pela INFRAERO, além de uma empresa de manutenção, a CELMA - Companhia Eletromecânica SA, que foi estatizada e depois privatizada novamente, tendo até hoje lugar de destaque nas empresas brasileiras de manutenção aeronáutica.
Os motivos que levaram o Governo Militar a cassar as linhas da Panair até hoje são obscuros. A falência da Panair foi conduzida de um modo arbitrário e ilegal, o Governo respondia às ações judiciais impetradas pelos seus controladores modificando a legislação e desrespeitando princípios gerais do Direito como o direito adquirido e a coisa julgada.
A grande beneficiária da falência da Panair do Brasil foi a Varig. As linhas européias e para o Oriente foram todas repassadas a essa empresa, assim como as aeronaves Douglas DC-8, então as mais modernas aeronaves de passageiros em serviço. Vale dizer que nessa época a Varig operava apenas para os Estados Unidos e América Latina, com dois Boeing 707 e dois Convair 990, esses originários da frota da REAL, incorporada pela Varig em 1961.
Nas fotos, podemos ver o Constellation PP-PCG, dentro do hangar no Aeroporto Santos Dumont, no início da década de 1950. Esse hangar ainda existe, como parte das instalações do 3º COMAR. Podemos ver também um DC-8 da Panair no Aeroporto de Orly, em Paris, em junho de 1962, e o Constellation do Museu da TAM, em São Carlos - SP. Esse avião, que ostenta a matrícula PP-PDD, na verdade nunca voou pela Panair, foi comprado no Paraguai em 2001 e voou pela KLM no início de sua carreira. O verdadeiro PP-PDD acidentou-se com perda total proximo ao Aeroporto da pampulha, em Belo Horizonte, no início dos anos 60.
Fonte das fotos: Airlines.net
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