A empresa aérea alemã Lufthansa foi a pioneira dos vôos regulares transoceânicos e, ao contrário do que poderia se supor, tal linha não ligava a Europa à America do Norte, mas sim à América do Sul.
O primeiro desses voos foi denominado TO-1 (TO de Transoceânico). A execução desse fantástico voo começou no aeroporto de Stuttgart, na Alemanha, em 03 de fevereiro de 1934. com destino a Buenos Aires, Argentina, cobrindo uma distância de 7.172 NM (13.283 Km) em 66 horas e 12 minutos, com escalas em Barcelona e Sevilha, na Espanha, Vila Cisneros no Sahara Ocidental, Bathurst, na Gâmbia Inglesa, Natal, Recife, Salvador, Caravelas, Rio de Janeiro, Santos, Florianópolis, Porto Alegre e Rio Grande no Brasil, e Montevideo, Uruguai.
Na primeira fase do voo, foi utilizado um monomotor Heinkel He-70 Blitz (relâmpago), o mais veloz da época (200 Knots), carregado com 37,21 Kg de correspondência e comandada por Robert Untucht, acessorado pelo rádio-operador Karl Kirchhoff. Tinha por destino Sevilha, com escala em Barcelona.
Em Barcelona, a carga postal foi transferida para uma aeronave bimotora Junker Ju-52, matriculada D-2526, com destino a Bathurst, na Gâmbia Britânica, com uma escala para reabastecimento em Las Palmas de Tenerife.
Em Bathurst, a carga mudou novamente de aeronave, passando para o hidroavião Dornier DO-18 Wal (Baleia) matriculado D-2399 (posteriormente, D-AKER) e batizado Taifun (Tufão) que estava na catapulta a vapor do navio Westphalen. Outro Dornier, batizado de Passat, estava a bordo do Westphalen.
O navio levantou âncoras e partiu para uma viagem noturna a todo vapor até um ponto denominado "Meio do Oceano", lançando o Taifun, comandado por Joachim Blankemburg para uma viagem rumo ao Brasil. A catapulta provocava grande aceleração à aeronave, e era movida por vapor vindo das caldeiras do navio. A decolagem aconteceu ao raiar do dia.
A aeronave voou na velocidade média de 120 Knots na travessia oceânica, voando rente às ondas para aproveitar o efeito solo e economizar combustível. Sem piloto automático, o voo foi feito "na mão", o que exigia grande concentração do piloto, ainda mais considerando o fato de ser um voo rasante. O radio-operador Günther Fechner buscava quaiquer sinais de rádio para fazer uma triangulação por radiogoniometria e determinar a posição do avião, enquanto o mecânico de voo Otto Gruschwitz subia a todo momento nas naceles dos dois motores BMW de 680 Hp da aeronave.
O voo transcorreu sem incidentes e foi bastante tranquilo. Após 11 horas de voo, o piloto finalmente avistou o Pico, a montanha mais alta do Arquipélago de Fernando de Noronha. Sobre o arquipélago, circulou e juntou-se a outra aeronave Dornier Wal, D-2069, o Mosun, comandada pelo experiente piloto Rudolf Cramer von Clausbruch, que o acompanharia nos últimos 400 Km da travessia até Natal, onde pousaram na foz do rio Potengi, após 14 horas e 10 minutos de vôo.
Apenas 20 minutos depois, a carga já estava no ar novamente, transferida para uma aeronave Junker W-34, matriculada PP-CAN e batizada Tietê, do Syndicato Condor, empresa subsidiária da Lufthansa (então, Luft Hansa). O Tietê escalou em Recife e Salvador e prosseguiu direto para o Rio de Janeiro, onde pousou na Baía da Guanabara, próximo ao bairro do Caju. O Tietê era comandado pelo piloto Auderico Silvério dos Santos.
Após rápido reabastecimento, a aeronave decolou para Santos, onde pousou em frente á praia José Menino. De Santos, foi para Florianópolis, Porto Alegre, Rio Grande, Montevideo e Buenos Aires, onde chegou na noite de 09 de fevereiro de 1934.
Lamentavelmente, tal proeza foi praticamente ignorada pela imprensa e pelas autoridades brasileiras, e nem sequer foi registrada nos anais da Aviação Militar e da Aviação Naval. Entretanto, foi destaque na imprensa sul americana e amplamente divulgado na Argentina.
Os voos se tornaram regulares, a partir de então. Durante uma operação de melhoramento das catapultas do Westphalen, que passou desde então a recolher os hidroaviões no meio do oceano e catapultá-los daquela posição, o Dornier foi substituído pelo dirigível Graf Zeppelin na travessia do Atlântico.
Fonte do texto e das fotos: Dornier Wal Documentation Center (http://www.dornier-wal.com)
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E o voo de volta?
ResponderExcluirE o voo de volta? Foi em fevereiro?
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