Dando continuidade ao artigo anterior, e que teve mais de 8 mil leitores em menos de uma semana, eis aqui exemplos de aeronaves que voavam na aviação comercial brasileira atual, ou que, pelo menos, operaram até há pouco tempo, como a Varig, que encerrou atividades em 2006.
Os Airbus A319 representaram uma verdadeira revolução na TAM, quando começaram a operar na Ponte Aérea Rio São Paulo, em julho de 1999. Nessa época, a empresa tinha como carro-chefe, nas linhas domésticas, o útil e econômico Fokker 100. Essa aeronave tornou a TAM, então uma empresa regional, na companhia aérea líder do mercado brasileiro.
A TAM se viu na necessidade de substituir o Fokker 100, já que o fabricante holandês faliu em 1996, e aeronaves novas estavam, portanto, fora de questão. Outro problema foi o acidente ocorrido, em outubro de 1996, com um Fokker 100 da TAM em São Paulo, que ofuscou o brilho que essa aeronave tinha no mercado. Como a TAM já tinha adquirido aeronaves Airbus A330 recentemente, para suprir linhas internacionais, foi quase natural que a Airbus fornecesse aeronaves de fuselagem estreita para a TAM, a bem sucedida linha dos Airbus A319, A320 e A321.
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O ex-PT-MZA, com matrícula americana N976SG, mas ainda ostentando o esquema de cores da TAM, aguarda o desmonte no deserto, em Goodyear Airport, Phoenix, Arizona. |
Os A319 fizeram sucesso na Ponte Aérea, fazendo forte concorrência com os vários operadores que operavam, ainda, os Boeing 737-300, Vasp, Varig e Transbrasil. Dois anos depois, a Transbrasil desapareceu, mas veio a Gol, operando Boeing 737-700. Todavia, a fama e a modernidade dos Airbus conquistaram muitos passageiros.
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O PT-MZB, ainda ostentando matrícula brasileira, faz companhia ao ex-PT-MZA em Goodyear, no "corredor da morte" |
A operação na Ponte Aérea, no entanto, é desgastante para os aviões, que acabam acumulando mais ciclos que horas de voo, o que limita muito a durabilidade da estrutura da aeronave. Os primeiros A319, portanto, já foram retirados de serviço, após cerca de 13 anos de operação, e foram desmanchados, ou estão estocados aguardando seu destino final.
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O PT-MZE sendo desmontado na Europa, após a sua devolução |
O PT-MZA veio ao Brasil em 8 de julho de 1999, novo, e foi desativado em dezembro de 2012. Foi desmontado em 2014. Outros três do primeiro lote, PT-MZB, PT-MZD e PT-MZF, também foram desativados, e os dois primeiros já foram desmontados. Outros dois A319, PR-MBI e PR-MAH, fabricados em 2002, também aguardam o desmonte. Desses, somente o PR-MBI veio usado, da TACA, os demais vieram novos do fabricante.
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O antigo PR-GOL, primeiro 737 a entrar em operação na empresa, já foi devolvido e hoje, matriculado N277CS, aguarda sua morte no deserto |
Os primeiros Boeing 737-700 da Gol, que também operaram na Ponte Aérea, também sofreram bastante com o desgaste prematuro. Entre os primeiros 737-700 que operaram na empresa estavam os PR-GOE, PR-GOB e PR-GOC. Ao contrário da mensagem que a empresa passava, de que todos os aviões vieram novos, esses três vieram já usados, voaram para operadores europeus, e foram fabricados em 1998. Retirados de serviço, estão sendo desmontados no deserto, em Victorville, Califórnia. Os antigos PR-GOA e PR-GOL, também retirados de serviço, também aguardam o seu destino final em algum lugar do deserto de Mojave.
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Em primeiro plano, com matrícula americana N484BC, o ex-PR-GOE, seguido pelo N485BC, ex-PR-GOB, e pelo N462BC, ex-PR-GOC, sendo desmontados em Victorville |
Muitos aviões remanescentes da frota da antiga Varig, e de sua subsidiária VarigLog, nunca mais operaram para outra empresa, depois da falência da empresa. Os mais antigos viraram sucata e foram vendidos para reciclagem de materiais, e outros foram canibalizados, para fornecer componentes a outras aeronaves do tipo.
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O PP-VNX, usado como fonte de peças de reposição para a frota da Webjet, desmontado em São José dos Campos pela Digex. |
O antigo PP-VNZ foi um Boeing 737-300, adquirido novo em 1990, operou incansavelmente nas linhas domésticas da Varig, inclusive na Ponte Aérea. Nunca mais voou para outro operador, e sua célula foi desmontada na Digex, em São José dos Campos/SP, para fornecer componentes para a frota de 737 da Webjet, que passou a ser o maior operador de 737-300 depois do fim das "Três Grandes", Varig, Vasp e Transbrasil.
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Os restos do PP-VNZ, em São José dos Campos |
O PP-VNZ ficou na memória de muitos habitantes de Curitiba/PR, após fazer uma passagem muito baixa sobre o Aeroporto do Bacacheri, em 23 de abril de 2006. A empresa já estava nos seus momentos finais e o PP-VNZ já não mais operava regularmente, e jamais voltaria a operar.
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O PP-VNZ, no voo sobre o Bacacheri, Curitiba, em abril de 2006, o "canto do cisne" da empresa que foi, um dia, a maior cia. aérea do Brasil. |
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O PP-VNX seguiu o mesmo caminho. Veio para a Varig em novembro de 1987, e também foi desmontado em São José dos Campos.
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O nariz do PP-VNZ, preservado por algum tempo depois que a fuselagem foi cortada |