Em
 1938, Londrina ganhou seu primeiro aeroporto, situado num terreno doado
 pelos irmão Palhano, próximo ao atual Patrimônio do Espírito Santo. 
Isso deu um novo impulso ao desenvolvimento da cidade e de toda a 
região, Afinal, as estradas que davam acesso ao Norte do Paraná eram de 
trânsito difícil: a terra roxa, tão fértil, cobrava seu preço na forma 
de pó ou de lama nas ruas e estradas.
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| Aviões Beech Bonanza da RETA no Aeroporto de Londrina | 
 Embora
 alguns aviões tivessem utilizado o aeroporto logo depois de aberto, em 
breve o racionamento generalizado  provocado pela eclosão da Segunda 
Guerra Mundial, em 1939, tornou o aeroporto quase deserto, e essa 
situação perdurou até o final da guerra, em maio de 1945.
Após
 a guerra, o crescimento da aviação foi rápido, não somente em Londrina,
 mas em toda a região. As empresas aéreas regulares chegaram em 1946, e 
Londrina tornou-se um lugar atraente para se instalar empresas de táxi 
aéreo.
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| Aeroporto de Londrina nos primeiros tempos | 
Não
 demorou para aparecer vários operadores de táxi aéreo na região. 
Prestavam todo tipo de serviço, além de transportar passageiros: 
fotografia aérea, transporte de pequenas cargas, transporte de urnas 
funerárias, doentes graves, e outros. Eventualmente, faziam os chamados 
"voos da coqueluche", nem sempre cobrados: crianças doentes embarcavam 
nos aviões, que depois voavam bem alto, já que se dizia, sem qualquer 
embasamento médico, que voar alto, com baixa pressão atmosférica, 
melhorava a saúde dos pacientes. Os pequenos aviões não paravam quase 
nunca, a não ser por motivos meteorológicos.
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| Bonanzas da RETA no Aeroporto de Londrina, nos anos 60. | 
Uma
 das maiores empresas de táxi aéreo criadas em Londrina foi a RETA - 
Rede Estadual de Táxi Aéreo. Operando principalmente aeronaves 
monomotores Cessna 170, e também aviões mais potentes, como o Beechcraft
 Bonanza, aeronave que se tornou emblemática na região, e depois 
bimotores, como os Piper Aztec e os Beechcraft Baron e Twin Bonanza. Os 
criadores da RETA foram os comandantes Sidney Polis e Milton Jensen.
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| O PP-APR foi o primeiro Beech Baron a vir para Londrina, mas infelizmente, foi perdido em acidente pouco depois, em 1964 (foto: Raul Palhão) | 
O
 primeiro Beechcraft Baron da RETA, matriculado PP-APR, infelizmente, 
foi perdido num acidente em 08 de julho de 1964, ao chocar-se contra uma
 casa, ao fazer um voo de check de piloto, e os dois pilotos perderam a 
vida nesse acidente. 
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| Hangar da RETA, em Londrina | 
A
 RETA construiu um grande hangar no aeroporto atual de Londrina, mas 
esse hangar foi vendido à REAL na década de 50, e transferiu-se para 
outro hangar próximo da Avenida Santos Dumont. 
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| O PP-APC, Bonanza da RETA, no Aeroporto de Paranagué, em 1959 (Foto: Cmte. Flávio) | 
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| Proprietários da RETA-Rede Estadual de Táxi Aéreo, a partir da esquerda: Sidney Polis e Milton Jensen, e um dos pilotos da empresa | 
Outra
 grande empresa de táxi aéreo de Londrina foi a STAR, capitaneada pelos 
comandante Anélio Viecelli e Francisco Moreira da Silva, o "Chico 
Manicaca". A STAR foi criada em Bauru/SP, mas a empresa foi vendida e 
transferida para Londrina. Uma empresa de Belo Horizonte, a Imperial 
Táxi Aéro (ITA), também veio a Londrina nessa efervescente era da 
aviação geral.
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| Anúncio do Consórcio STAR-Contax, com aeronaves Bonanza | 
Posteriormente,
 uma empresa de Marília/SP, a Contax, uniu-se à STAR e à Imperial, 
formando o consórcio STAR-ITA-Contax, que, então, passou a contar com 
uma enorme frota de aviões. Essa empresa operou até mesmo um avião 
quadrimotor, o De Havilland Heron, matriculado PP-STS, que em Londrina 
foi apelidado de "Constellation de Baiano", já que o principal operador 
do tipo, no Brasil, era a empresa baiana TAS - Transportes Aéreos 
Salvador.
 Um
 dos pilotos da STAR-ITA-Contax foi um aviador chamado Rolim Adolfo 
Amaro. Rolim procurou emprego na Contax, mas essa empresa acabou vindo a
 Londrina para formar o consórcio com a STAR, e ele veio atrás. 
Conquistou a simpatia dos donos da empresa, mas não havia vaga de piloto
 para ele.
Passou a ajudar na manutenção, a guardar e retirar aviões do 
hangar, e conseguiu até um pequeno aposento nos fundos do hangar. Mas 
não ganhava praticamente nada, se oferecia como voluntário para ajudar a
 limpar os Douglas DC-3 da Varig e da REAL para obter os restos do 
serviço de bordo dos aviões. Depois de algum tempo em Londrina, Rolim 
foi embora, para São José do Rio Preto.
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| O Heron PP-STS, o "Constellation de Baiano", que voou na STAR em Londrina | 
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| O PT-STS, que operou na STAR | 
Rolim
 Amaro acabou entrando no Táxi Aéreo Marília - TAM, e posteriormente 
adquiriu o controle da empresa, que depois se tornaria a regional 
Transportes Aéreos Marília, hoje TAM Transportes Aéreos, que ele tornou a
 maior empresa aérea do Brasil.
No
 final dos anos 50, se, por acaso, toda a frota de táxis aéreos baseadas
 em Londrina resolvesse pousar na cidade, não haveria espaço para 
abrigar os aviões, que somavam mais de 50, sendo a grande maioria 
constituída de monomotores Bonanza.
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| Remanescente da frota de Beechcraft Twin Bonanza da RETA, o PT-BXL encontra-se em restauração. A RETA teve três aviões do tipo: PT-BXL, PP-APQ e PT-BTA | 
Essa
 era dos táxis aéreos estava longe de ser ordeira. Muitos pilotos  não 
recusavam missões bem perigosas e nem mesmo voos de contrabando para o 
vizinho Paraguai. Os produtos contrabandeados eram, principalmente, 
café, do Brasil para o Paraguai, e, no rumo contrário, uísque e 
cigarros, nada de tráfico de drogas, hoje muito comum. Esses pilotos se 
autodenominavam "Legião Estrangeira".
O
 asfaltamento das rodovias do Norte do Paraná, a partir de 1958, e a 
grande geada de 1963, que destruiu muitos cafezais, fez diminuir 
drasticamente a procura por táxi aéreo, e os aviões partiram para outras
 fronteiras. A RETA mandou aeronaves para Redenção, no Pará, e depois 
para outras cidades da região do Rio Tocantins, que começavam a era dos 
garimpos. A empresa acabou transferindo sua sede para Curitiba. A STAR 
acabou se dissolvendo, e somente no final da década de 1980 é que outros
 operadores de táxi aéreo voltaram a se interessar por Londrina, e 
algumas empresas se estabeleceram na cidade, como a Catuaí Táxi Aéreo, a
 Seven Táxi Aéreo e a American Táxi Aéreo,  todas, no entanto, bem 
menores que as suas congêneres dos anos 50 e 60.

 
 




































