As missões atômicas sobre o Japão, em agosto de 1945, sempre suscitaram enormes polêmicas. A opinião geral predominante no mundo de hoje é de que os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki foram atos terroristas bárbaros que poderiam ter sido evitados, sem trazer maiores prejuízos para os Aliados, tanto durante quanto após a guerra.
Esse é, no entanto, um pensamento bastante simplista, e que não reflete, de forma alguma, o pensamento dominante em 1945.
De fato, o sucesso das missões sobre Hiroshima e Nagasaki forçou a rendição do Japão, sem que nenhum soldado americano tenha colocado suas botas no território do Japão metropolitano, na condição de invasor.
Para qualquer família americana da época, só isso já teria justificado o lançamento das bombas atômicas. Afinal, a guerra tinha ceifado a vida de mais de 416 mil militares americanos, e era muito difícil encontrar uma família que não tivesse perdido um ou mais dos seus filhos em combate.
Em agosto de 1945, embora a capacidade militar do Japão já tivesse sido reduzida a cinzas, a rendição parecia muito longe. Os americanos preparavam uma invasão do Japão, começando com um desembarque na Ilha de Kyu-Shu em 1º de novembro de 1945. Outra invasão deveria ocorrer na região do Kanto (arredores de Tóquio), em março de 1946.
Baseado na experiência das invasões das ilhas de Iwo Jima e Okinawa, os militares previam que as baixas seriam muito pesadas. Em Okinawa, por exemplo, os americanos tiveram 12 mil mortos, e as baixas japonesas foram de, pelo menos, dez vezes esse valor.
O Enola Gay em Tinian, agosto de 1945 |
A estimava de baixas para uma eventual invasão do Japão era, na verdade, estarrecedora: 500 mil mortos americanos, mais do tinham perdido ao todo na guerra até então, em todos os teatros de operação. Era de se esperar que, assim como aconteceu em Okinawa, que os japoneses perdessem dez vezes esse valor, ou seja, cinco milhões de mortos. Isso seria o custo de se ganhar uma guerra que já estava, praticamente, no fim.
Mas havia a bomba atômica e os Boeing B-29 do 509º Composite Group, criado especialmente para lançá-la no Japão. O Presidente Harry S. Truman, que sucedera Franklyn Delano Roosevelt em abril de 1945, só tomou conhecimento da existência da arma após assumir o governo americano, quando Roosevelt faleceu durante o seu quarto mandato.
Coube a Truman a decisão de lançar ou não tal bomba. Dois bilhões de dólares de 1945 já tinham sido gastos na construção da arma, que já estava praticamente pronta para ser lançada. A opinião de todos os líderes militares e políticos americanos era de que o lançamento da bomba atômica poderia forçar a rendição "honrosa" do Japão, evitando os milhões de mortes que poderiam ser causadas pela invasão, ou qualquer outra opção, como cerco prolongado ou bombardeio por armas convencionais.
Truman autorizou o uso da bomba atômica sobre o Japão, o que resultou em pouco mais de 200 mil mortos nas duas cidades bombardeadas. Confirmando as projeções americanas, o Japão realmente se rendeu, e pela primeira vez na história, uma nação em guerra foi derrotada com o uso exclusivo de bombardeios aéreos estratégicos.
O espectro da invasão foi evitado. Os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki foram realmente terríveis, mas nem sequer foram os mais mortíferos ataques aéreos da guerra. Os bombardeios de Dresden, na Alemanha, em 13 de fevereiro de 1945, e o de Tóquio, em 9 de março, causaram muito mais mortes do que os bombardeios atômicos, e não foram menos terríveis. O napalm e as bombas incendiárias de fósforo eram tão infernais quanto o urânio e o plutônio.
Pouco tempo depois de serem considerados heróis, ao cumprirem com êxito as suas missões, os tripulantes dos bombardeiros atômicos foram depois rotulados mundo afora como "os maiores assassinos do mundo". Dedicaram-se, anos a fio, a serem simplesmente esquecidos, o que pode ser considerado uma injustiça, pois estavam simplesmente cumprindo suas missões, como qualquer soldado americano na Normandia, nas Filipinas ou na Itália.
O que seria o mundo sem as bombas de Hiroshima e Nagasaki? Essa é uma pergunta incômoda, e a resposta é muito controvertida, mas não seria um mundo repleto de paz e alegria, como pensam ingenuamente algumas pessoas.
Pelo contrário, sem as bombas atômicas, o Japão teria sido praticamente aniquilado por uma invasão ou por bombas convencionais. A União Soviética, muito provavelmente, teria tentado expandir seus limites para muito além da Europa Oriental. Poderia ter até invadido o Japão, no lugar dos Estados Unidos.
A Guerra Fria somente foi "fria" devido à existência das armas nucleares e da demonstração do seu poderio em Hiroshima e Nagasaki. Stalin não era melhor do que Hitler, e o Exército Vermelho poderia ter tomado conta de toda a Europa, se não fosse inibido pela existência das bombas atômicas. É muito provável que hoje estaríamos estudando, nos livros, a história da Terceira Guerra Mundial, ao invés da Guerra Fria.
As tripulações dos bombardeiros atômicos, ao que tudo indica, jamais sentiram arrependimento em relação a Hiroshima e Nagasaki. Ao contrário, sentiram orgulho de ter contribuído para o rápido fim da guerra, poupando a vida de centenas de milhares de soldados americanos e de milhões de soldados e civis japoneses.
Muitos mitos correram o mundo desde o fim da guerra. O mito de que o comandante da missão em Hiroshima teria se arrependido e se suicidado, devido ao remorso, foi um dos mais populares desses mitos. No entanto, Paul Tibbets Jr, o comandante do Enola Gay, jamais se arrependeu da missão e morreu de velhice, aos 92 anos de idade.
À parte o caráter revolucionário da arma que levavam, os tripulantes dos bombardeiros atômicos conduziram suas missões como qualquer outro tripulante de B-29 ou B-17. Sofreram até menos, pois tripular um B-17 em missão na Europa, por exemplo, era uma missão de altíssimo risco, já que 5 mil, dos 12 mil B-17 construídos, foram destruídos em combate. Sobre o Japão, em 1945, os B-29 já não encontravam tanta oposição.
O copiloto do Enola Gay, Tenente Robert A. Lewis, ao ver as dimensões do "cogumelo atômico", gritou:
- Deus do Céu! Olhem só para aquela filha da puta!
Ao escrever nos seus registros, no entanto, acho que tal expressão não ficaria bem nos livros de história, e escreveu outra frase: "Meu Deus, o que fizemos?".
Os aviões que lançaram as bombas atômicas, os Boeing B-29 "Enola Gay" e Bock's Car" estão silenciosos nos museus. Nunca mais lançaram nenhuma bomba. A missão que cumpriram jamais foi repetida, após o fim da guerra. Nenhuma bomba nuclear foi usada em combate novamente.
Foto do "cogumelo atômico" sobre Hiroshima, autografada pelos tripulantes do Enola Gay |
- Deus do Céu! Olhem só para aquela filha da puta!
O Enola Gay no museu, em Washington, DC |
Os aviões que lançaram as bombas atômicas, os Boeing B-29 "Enola Gay" e Bock's Car" estão silenciosos nos museus. Nunca mais lançaram nenhuma bomba. A missão que cumpriram jamais foi repetida, após o fim da guerra. Nenhuma bomba nuclear foi usada em combate novamente.
Embora tenha suportado, nas palavras do Imperador Hirohito, o "insuportável" e aceitado o "inaceitável", o Japão do pós guerra jamais hostilizou os americanos. Muito pelo contrário, a extremamente habilidosa ocupação militar do Japão, sob o comando do General Douglas MacArthur, tornou o Japão um dos maiores aliados dos americanos. Os soldados americanos, uma vez terminada a guerra, procuraram ajudar os japoneses a reconstruir o seu país. Muitos se casaram com japonesas e nunca mais foram embora do Japão.
No Japão, nunca houve o ódio que se abateu sobre a Europa no pós guerra. Nunca houve, por exemplo, um "Tribunal de Nurenberg japonês". Até o Imperador Hirohito foi poupado, numa extraordinária demonstração de habilidade política na administração de um país militarmente ocupado.
Em Hiroshima, bem ao lado da ponte Aioi, usada como alvo para o bombardeio atômico, existe até hoje o Memorial da Paz, que relembra a tragédia que se abateu sobre a cidade em 6 de agosto de 1945. Mas é justo que o Memorial da Paz também relembre que, talvez, a morte dos seus cidadãos tenha salvado não somente o Japão, mas também o mundo, de uma tragédia infinitamente maior.
Hiroshima e Nagasaki confirmam o antigo provérbio popular que diz: "Deus escreve certo, por linhas tortas".
Hiroshima, em 2010 |
Acrescente-se que a conferêncoa de Postdam tinha em sua carta as condições de rendição japonesas, que foram ignoradas. Depois disso, Trumman declarou que o Japão estava selando seu destino e pedia ao povo japonês que interviesse junto a seus líderes, exigindo que parassem a guerra. Nada foi feito. Ao mesmo tempo, os soldados aliados já vinham sentido a fadiga de combate e isso, somado à resistência japonesa as ilhas adjacentes às ilhas maiores, denotava que uma invasão resultaria em um massacre para ambos os lados. Lançada a bomba em Hiroshima, que tinha uma divisão do exército japonês ali instalada, o Japão se recusou a se entregar. E depois de Nagasaki, continuou relutante, até vir a notícia de que a URSS havia declarado guerra contra o Império. Com isso, o Imperador resolveu anunciar a rendição, mas por pouco não conseguiu, porque alguns altos oficiais tentaram impedir o pronunciamento; um golpe de Estado. E por ai vai ... e depois vem gente falar de que as bombas naqueles contextos todos eram inevitáveis? Puro anacronismo, isso sim. Na época, ninguém duvidou de que algo teria de ser feito para que o japão se rendesse. E mesmo com 2 bombas A, ele ainda titubeou ... Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirAcho ridículo responsabilizar Deus pela invenção da bomba atômica e a morte de milhares de pessoas em virtude dela e das guerras.
ResponderExcluirOs Homens são os únicos responsáveis pelos seus atos, penso também que haviam alternativas mellhores para os alvos
Orts, obrigado pela visita, mas ninguém aqui nesse texto responsabilizou Deus por coisa alguma. Todos os atos de guerra foram perpetrado pelos homens e a eles cabe a exclusiva responsabilidade.
ResponderExcluirBoa noite.
ResponderExcluirGostaria de parabenizar ao Blog por mais uma matéria espetacular! Fiquei feliz com a abordagem correta: narrativa dos fatos baseada na história e não na estória.
Como militar, tenho comigo o brocardo "missão dada é missão cumprida" como um dos meus axiomas. As tripulações dos dois bombardeiros do 509° Composite Group foram injustiçadas! Eram homens cumprindo a sua missão e não cavaleiros do apocalipse.
Parabéns mais uma vez pelo excelente post.
Vida longa e próspera!
Abraço.
Parabéns professor, excelente matéria! Abraço
ResponderExcluirArmas de destruição em massa são artefatos cujo propósito é o genocídio. São mecanismos que atentam contra civis. Bastam armas convencionais para combater soldados, o poder de destruição destas armas ferem aqueles que são as maiores vítimas das guerras - a população.
ResponderExcluirA existencia de armas de destruição em massa, desde a bomba-A até as bombas-H e bombas de neutrons, põe em xeque a existencia humana.
A morte de civis é genocídio e não deve ser usada como justificativa nem como exemplo em hipótese alguma.
Parabéns pelo seu blog, o qual acompanho de longa data.
ResponderExcluirGostaria de trocar links?
Possuo um blog sobre a Segunda Guerra Mundial (http://acervosegundaguerra.blogspot.com/), com cerca de 120 acessos diários.
Caso seja do seu interesse, retorne esta mensagem para o meu e-mail: alexphilippi@gmail.com
Um Abraço
Alexandre Philippi
Bom dia Sr. Jonas! Parabéns por esta ótima matéria e pelo blog o qual sigo já de algum tempo, pois contém excelentes matérias e artigos. Gostaria de fazer uma pequena observação, desculpe-me por tal, mas a ultima foto desta matéria sobre as bombas de Hiroshima e Nagasaki, não é da cidade de Hiroshima, mas de um bairro chamado Sakuragichou (le-se sakuraguitchou) da cidade de Yokohama, capital da provincia de Kanagawa, que faz parte da região metropolitana de Tokyo. Este é um bairro famoso pelos hotéis e pelos enormes salões de conferências (compatíveis para chefes de estado) e pelo edificio mais alto do Japão o Yokohama Landmark Tower que esta nesta foto em baixo á esquerda e pelo enorme pier para navios transatlanticos, com iluminação branca no alto à direita. Muito obrigado e parabéns
ResponderExcluirUm abraço
Agnaldo T. Nishiguchi
Agradeço a observação, Agnaldo. Eu não conheço nenhuma das duas cidades e vi a foto como se fosse de Hiroshima. Conheço várias cidades no Japão, como Kyoto, Nagoya, Gifu, Takayama e Shizuoka, mas essas duas realmente nunca visitei, daí o erro. Obrigado pela colaboração e pelas visitas ao blog. Valeu!
ExcluirNão consigo concordar que matar civis tenha feito a guerra terminar mais cedo, e portanto, salvo ainda mais civis. penso que deveria se pensar melhor no assunto.
ResponderExcluirJogar uma bomba sobre alvos civis foi o melhor jeito de salvar a humanidade? Talvez devessem os EUA jogar uma bomba atômica sobre a Palestina e acabar com os conflitos naquela região também. E uma bomba atômica talvez fosse a chave para acabar com a violência nas favelas do Rio. Me perdoe, mas poupar vidas de soldados americanos e japoneses não me parece uma boa justificativa para matar 200 mil civis, já que os soldados são feitos para a morte. Os civis não. Além disso, os japoneses não desenvolveram ódio por questões puramente culturais, pois eles não são vingativos como os europeus, que têm ervilhas em lugar de cérebros.
ResponderExcluirNa nossa época, tua afirmação faz sentido, amigo... mas pense na responsabilidade do Presidente Trumman: naquele momento, não lançar a bomba poderia significar sacrificar 500 mil soldados americanos, quase o triplo das vidas americanas perdidas na Europa, e mais de um milhão de japoneses, ou muito mais do que isso. Eram outros tempos... Se fosse vc, o que vc decidiria?
ExcluirExcelente texto!!!
ResponderExcluirAnalisando friamente, foi uma escolha sensata para a epoca, porém, o que veio depois, foi o politicamente correto para não perder um aliado, pois não ter julgado os crimes de guerra japoneses, nada mais que foi uma decisão insensata
O seu argumento, é além de muito perigoso, eticamente inaceitável. Denoto, pois sou engenheiro e estudioso amador da época em questão, que muitos estudioso desta época bélica da histórica, revelam um fascínio quase mórbido por toda a tecnologia que permitiu a matança da civis nas grandes guerras, desde os Tiger II Nazis aos B52 americanos.
ResponderExcluirMas antes de ser interessado por história ou engenharia, sou um humanista. O argumento de que, construindo uma arma sempre maior e mais mortífera, vai impedir o outro de me atacar e eventualmente salvar vidas, é um argumento sofista. O Japão nunca atacou os EUA no seu território continental, ficou bem longe disso, nem alguma vez foi uma ameaça para a população civil dos EUA; pelo contrário o governo americano há muito que provocava os japoneses com diversos embargos económicos. Consta ainda que os serviços secretos americanos soubessem de antemão dos ataques a Pearl Harbour. Assim, estando o Japão tecnicamente perdido a guerra, a bomba atómica serviu apenas o fim especulativo de evitar a entrada dos russo na guerra, afirmando a hegemonia dos EUA na região.
O argumento que utiliza aqui, do ponto de vista filosófico, é completamente errado, pois os EUA entraram num patamar tecnológico extremamente horrendo, tendo sido o único país do planeta a fazer uso do poderio atómico para fins militares.
Recomendo-lhe uma reflexão profunda sobre o assunto, como humanista, e não meramente como admirador de tecnologia aeronáutica. O homem teve sempre instintos primários, desde a sua existência, de combater quem lhe ataca, faz parte do natural instinto de sobrevivência. Os primeiros escritos bíblicos, redigidos há mais de 3000 anos tentaram regrar essa forma de contra-ataque ou de punição. A Bíblia no antigo Testamento, que era essencialmente uma forma de o povo hebreu se regrar refere: "olho por olho, dente por dente". Por muito bárbaro que esse lema possa parecer, na realidade foi um avanço na forma de punição, que mais não significa que a punição deve ser feita nas mesmas proporções e com a mesma intensidade que é feito o crime ou o ataque. Com o iluminismo e com os humanistas Europeus, surgiu um conceito muito mais nobre e racional de que, não surtia efeito causar tais punições da mesma ordem de grandeza a quem cometesse tais crimes, pois tais tipos de punições revelavam-se pouco eficazes. Essa corrente de pensamento é resumida com uma nobre frase de Gandhi: "olho por olho e fica o mundo cego". Constata-se que países onde existe uma muito maior qualidade e nível de vida em todos os setores, têm códigos penais muito mais brandos que os demais. Achar que o crime se sana com a tortura e a opressão do criminoso ou com a severidade da pena, é de uma brutalidade e de uma inferioridade de espírito e mente, que coloca o Filósofo a bradar aos céus do Olimpo.
Ora o Japão havia atacado os estados unidos em Pearl Harbor, um grupo de ilhas extremamente pequeno e remoto junto ao Havai, que fica mais ou menos situado a meio caminho entre o continente americano e o território do Japão, ou seja no meio do oceano Pacífico. Significa que nunca o império japonês, alguma vez ameaçou a costa continental da américa, nem civis americanos, tendo ficado mesmo muito longe disso. Numa sede de pura vingança e não de restabelecer os danos, o império americano avança ao longo do pacífico na direção do Japão conquistando diversas ilhas, arquipélagos e atóis naquela que viria a ser conhecida como a guerra do Pacífico. Nas sucessivas batalhas, as baixas japonesas eram sempre muito maiores que as americanas, incomensuravelmente maiores. Como exemplo, na batalha da ilha de Okinawa, a última antes dos bombardeamentos atómicos, o Japão que via o seu território invadido e que naturalmente o defendia para preservar o seu território e a sua soberania, perdeu 110 mil homens, sendo que a américa perdeu cerca de 11 mil. Todavia o argumento que a américa usou para efetuar o bombardeamento foi o de salvar vidas de soldados americanos. Deve ser um dos sofismas mais cruéis que a humanidade conheceu. Para salvar 1 vida, matam-se 10.
ResponderExcluirEste princípio, significa um retrocesso civilizacional de mais de 10 mil anos. Nem é "olho por olho, nem dente por dente" que estava em causa, o que a américa fez, foi "olho por vista e dente por maxilas". Mas para podermos comparar o que estava em causa, podemos olhar para o caso da Finlândia durante a guerra de Inverno. Por altura do começo da segunda guerra mundial, a Rússia decide invadir a Finlândia naquilo que viria a ser conhecida como a Guerra de Inverno. Os Finlandeses rechaçaram violentamente os russos do seu território, e expulsaram-nos exatamente até à fronteira do território finlandês. Quando mais tarde perguntaram ao general finlandês que comandava as tropas, porque não continuou no contra-ataque, quando tinha plenas condições para tal, ele simplesmente respondeu que queria apenas recuperar o território que era devido à Finlândia. A américa fez exatamente o contrário. Foi atacada numa ilha, que fica a milhares de quilómetros do seu território continental, e seguiu em contra-ataque na direção do inimigo sem olhar a quaisquer meios nem a fins, o de apenas, a crua, calculista e fria destruição.
O resultado está à vista, e não vem nos cartazes dos filmes de Hollywood, muito difundidos pelas diversas cadeias de cinemas. Uma cidade, que em nove segundos ficou transformada em cinzas. Perante tal cenário horrendo e dantesco, o presidente da américa, Truman, disse que foi um excelente alcance científico o que tinham conseguido. O discurso de Truman é tão hediondo, que dá a sensação que o império teve à sua disposição um novo brinquedo de 2 mil milhões de dólares, que precisou de fazer uso. A américa representa assim a verdadeira génese do Mal, pois coloca o que há de mais brilhante na raça humana, a sua capacidade para inovar, ao serviço da morte e da destruição. E para combater esse Mal, devemos voltar as costas a satanás, dizer "vade retro" ou seja "vai-te embora" e oferecer-lhe total desprezo e repúdio, pois nunca outro império ou exército que a raça humana conheceu, perpetrou tal ataque contra a raça Humana.
Deixa ver se eu entendi... Quase toda grande cidade tem quarteis militares, sendo assim, numa possível guerra, estaria justificado ceifar milhares de vidas civis, por que nessa cidade existem militares ativos? Joga-se uma bomba nuclear, matam 200 mil civis, pra justificar a morte de 5 mil soldados. É isso?
ResponderExcluirTentar justificar o ato americano como válido e justo, é papo furado pra boi dormir. Matar militares em combate é uma coisa, mas matar milhares de civis (mulheres, crianças, idosos, homens sem armas nas mãos), mesmo que em tempo de guerra, é genocídio (Tribunal de Haia).
Mas considero que o pensamento da época não era nesse sentido. Mas a humanidade evolui, e podemos dizer, hoje, que isso foi um erro. Se não entendermos isso como um erro, como evitaremos outros mais futuramente?
Não sou dono da verdade, e respeito a opinião de todos, mas essa é a minha.
Amigo, realmente, visto agora, o ataque pode ser considerado como um erro. Mas, a tecnologia da época não permitia a guerra cirúrgica que temos homem. Se não tinham um bisturi, usavam uma clava, e era isso o que tinha disponível. Qualquer cidade japonesa da época tinha instalações militares, Hiroshima não era exceção, mas o ataque nuclear não tinha a real intenção de atingir nenhum desses alvos, e sim, acabar com a guerra de uma vez. E funcionou. Quantas vidas foram salvas com o fim da guerra?
ExcluirObrigado pela visita e pela participação altamente proveitosa e inteligente, volte sempre.
ExcluirCaro Jonas, ninguém contesta se a guerra era cirúgica ou não, e temos bons exemplos de que não: Dresden ou Londres. O que é dito é que a potência alocada às referidas bombas, deu um passo tecnológico na matança, que à luz de hoje seria considerado claramente crime de guerra. Mas a desgraça dessas crianças, idosos ou bebés, não passa na propaganda cinéfila americana. Leia o que escrevi acima, não se salva 1 vida, matando 10.
ExcluirEstou ESTARRECIDA com o artigo. Só sendo um robô para justificar e encarar de forma tão natural a morte e a mutilação de crianças inocentes. Este é o imperialismo podre dos Estados Unidos! Na minha opinião, inclusive, acho que essa bomba foi um brinquedo novo que Truman quis experimentar.Abomino tal filosofia! Concordo em gênero, número e grau com o João Pimentel Ferreira,parabenizo-o pelo texto.
ResponderExcluirAinda vão se contar muitas verdades sobre as guerras, porém as opiniões serão sempre discutidas. Dizer que foi uma decisão que salvou o Japão pra mim já e demais. Embora a decisão tenha sido tomada sob alegações de mitigação de um massacre é no minimo uma ingenuidade alegar essa bondade americana, porque muitas decisões poderiam ter sido tomadas, uma delas é o embargo, o japão já não tinha condições era só cercar e evitar que comida remédios chegassem a eles, fizeram isso com cuba, e os americanos tinham varias ilhas tomadas ao redor do japão, era só esperar. Havia sim a oportunidade de experimentar uma nova arma; e o clima era propicio, como na guerra o perdedor tem que ser humilhado então jogou-se a bomba, porque se não fosse assim não se teria a comemoração e as condecorações que se registraram em todo auto escalão militar, com a presença do presidente americano e do povo.
ResponderExcluirObrigado pela tua opinião, que é preciosa e muito bem fundamentada. Jogar uma bomba nuclear está muito longe de ser uma "bondade", obviamente, mas as alternativas que estavam colocadas, como um cerco prolongado, que poderia matar milhões de pessoas de fome, ou esperar que os soviéticos invadissem, eram também muito ruins. Em última análise, até mesmo uma Terceira Guerra Mundial poderia ter se originado numa eventual divisão do Japão, uma outra Coréia.
ExcluirAcho q não haveria uma terceira guerra mundial! Mas a continuação da segunda q não acabaria em 2 de Setembro de 45! O conflito seria entre EUA e URSS! E certamente levaria anos para acabar! Hj não teria somente um pais com potencial de destruir o mundo, seria mais equilibrado! E as bombas atômicas sobre o Japão foram simplesmente armas de vingança! Serviu também para esconder os crimes de guerra do Japão! E se o Japão tivesse se rendido antes ? E as bombas lançadas sobre a Alemanha! Hj seria discutido os crimes japoneses, e não os alemães! Pois a destruição do território alemão, seria semelhante ao do Japão! Talvez não viria a tona os campos de concentração! E a história seria bem diferente!
ExcluirBom dia. Não concordo com os argumentos apresentados. E se isso? E se aquilo? SE as bombas não tivessem sido lançadas.. Ora, o que foi exposto são meras SUPOSIÇÕES. Bombardear áreas civis era a ÚNICA alternativa? Claro que não. O fato é que os Estados Unidos queriam demonstrar o poderio das bombas atômicas e de certa forma colocar um medo geral nas demais nações e Hiroshima e Nagasaki pagaram o preço. Truman é um genocida tanto quanto Hitler, Stalin e Mussolini. Pessoas sensatas não podem ver atos de heroísmo nem justificativas plausíveis nessa decisão e isso é atemporal não importando em qual época esses fatos serão analisados.
ResponderExcluirDevo lembra-lo que o genocida Truman violou a Convenção de Haia na qual proíbe expressamente o bombardeio em áreas civis. Se o Japão não se ressentiu com isso, deve se ao fato de sua cultura oriental diferente da nossa . Mas definitivamente não há justificativas plausíveis e aceitáveis.
Excelente artigo (como os demais), e concordo com toda a sua visão imparcial, sem rompantes emocionais. Parabéns.
ResponderExcluirCaro Jonas.
ResponderExcluirSendo eu um humanista, não me alinho porém com o romantismo daqueles que desejavam ver chuvas de flores sobre no Japão como forma de obter a paz.
Penso que a invasão do Japão seria um massacre indizível, dado o grau de fanatismo que envolvia a população nipônica da época.
Conheci um japonês que era criança na época da guerra, em Kobe, e ele contou que havia lanças de bambu afiadas em um canto da sala de aula do colégio onde ele estudava. Ele e seus colegas eram instruídos pelos professores a como usar as lanças quando os odiados estadunidenses tentassem invadir a cidade. Ninguém iria se render, todos iriam lutar até a morte, inclusive as crianças.
Sim, as bombas atômicas eram um instrumento possível de obter a paz, talvez o menos danoso a todas as partes envolvidas. Concordo.
Porém me parece claro que as bombas superpoderosas (para os padrões da época) poderiam ter sido detonadas em locais onde não causassem dezenas de milhares de mortes, ainda mais mortes de civis, basicamente mulheres, crianças e idosos (dado que os homens de 18 a 50 anos não estavam em suas casas, mas mobilizados pelo Império Japonês afora).
Bastaria os EUA detonarem a bomba A em algum local icônico, de grande visibilidade, que deixasse claro ao Japão (e à URSS...) o tipo de arma que estava à disposição dos ianques. Ponto.
A decisão de escolher como alvo cidades ainda não bombardeadas e de porte razoável (Hiroshima tinha mais de 400 mil hab., Nagasaki, 270 mil) indica claramente que os militares dos EUA desejavam fazer testes, experiências, para entender com mais precisão o real poder do artefato que tinham à disposição.
Testes que na verdade se igualam àqueles realizados por “cientistas” nazistas e japoneses (sim) com seres humanos vivos considerados “inferiores” (judeus, eslavos, no caso nazista; chineses e coreanos, no caso nipônico).
Falando de forma bem popular, os estadunidenses torraram centenas de milhares de “amarelos” basicamente “para ver como era”.
Inadmissível.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirHá um claro desconhecimento do contexto da Segunda Guerra Mundial entre os debatedores.
ResponderExcluirUm quer justificar toda a ação dos EUA no Pacífico ao ataque a Pearl Harbor. Claro que não foi só isso.
Os japoneses tinham uma ideia de superioridade racial na Ásia e queriam escravizar os demais asiáticos tanto quanto os nazistas queriam fazer com os eslavos (o que impediu a aliança dos ucranianos e anticomunistas russos com os alemães).
O ataque ianque ao Império Japonês se deu depois de anos de pedidos para que os nipônicos parassem de atacar a China e a Coreia, hostilizando barbaramente o povo dos dois países.
Havia sim (não sejamos ingênuos) o choque de interesses imperialistas europeus (britânicos, franceses e holandeses, basicamente) com o imperialismo japonês, mas os nipônicos conseguiram superar (e muito) os europeus em opressão e horrores na Ásia.
De resto, o militarismo japonês era muito próximo ao nazismo (estado totalitário, ódio racial aos vizinhos e correlato sentimento de superioridade racial, fanatismo ideológico, expansionismo imperialista, quebra da ética humanista em todos os campos). Todo o mundo livre desejava a aniquilação do Estado japonês dos anos 1940.
Por fim, claro que houve um tribunal de guerra no Japão após a guerra. O 'Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente' ou Tribunal de Tóquio.
Toda a cúpula do Estado japonês foi julgada e grande parte dela enforcada (houve mais de 100 execuções), igualzinho em Nuremberg.
A grande discussão entre os ianques foi se iriam julgar também Hiroito (e proclamar a república). Decidiram forçar o imperador a negar sua divindade, aceitar um sistema parlamentar e constitucional, mas mantiveram a monarquia e a dinastia.
Prof. JONAS, gostaria de usar algumas fotos do seu blog, como faço?
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