O livro de ficção "Aeroporto", de Arthur Hailey, lançado em 1968, serviu de base para o primeiro filme do gênero "cinema-catástrofe", em 1970, e igualmente chamado "Aeroporto".
Dirigido por George Seaton, e estrelado por atores de primeira grandeza de Hollywood, como Burt Lancaster, Dean Martin, Jean Seberg, Jacqueline Bisset e George Kennedy, "Aeroporto" fez a maior bilheteria do ano de 1970, arrecadando mais de 100 milhões de dólares, dez vezes o seu custo de produção.
O sucesso do filme inspirou imediatamente a produção de sequências, embora nenhuma delas tenha alcançado a qualidade e o sucesso do filme original: "Aeroporto 75", "Aeroporto 77" e "Aeroporto 80 - O Concorde". O último da sequência pode ser considerado o pior de todos, e foi um fracasso de bilheteria, arrecadando apenas 13 milhões de dólares.
Os filmes da série utilizaram apenas uma aeronave cada um, um Boeing 707, dois Boeing 747 e um Concorde. Dos quatro aviões, dois terminaram suas carreiras em desastres, um foi desmontado e o outro está desativado. Eis a história de cada um deles:
"Aeroporto": o filme original utilizou apenas um avião, o Boeing 707-349C N324F, alugado da Flying Tigers Line. para todas as tomadas externas, já que, para as cenas internas, foi criado uma réplica em estúdio, por sinal muito pouco fiel ao interior padrão do Boeing 707.
O N324F, praticamente sem pintura, recebeu as marcas da fictícia Trans Global Airlines - TGA e aproveitou a faixa escura aplicada na linha das janelas durante sua passagem pela El Al. O N324F foi entregue novo à Flying Tigers em 02 de junho de 1966, e depois passou por diversos operadores, como a KLM, a British Caledonian, Aer Lingus e Lybian Arab, até chegar à Transbrasil, seu último operador, em janeiro de 1987. Mudou de mãos mais de 20 vezes durante sua longa carreira de 23 anos.
Matriculado no Brasil em fevereiro de 1987 como PT-TCS, esse 707 operou como aeronave de carga e foi destruído em um terrível acidente, quando se preparava para pousar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no dia 21 de março de 1989. Ao se aproximar da pista 09R, com excesso de velocidade, um dos pilotos acionou os spoilers, fazendo o avião afundar e bater com a asa esquerda em um prédio, na favela do Jardim Ipanema, em Guarulhos. O acidente resultou em três tripulantes mortos, 22 moradores da favela mortos e mais de 100 feridos.
"Aeroporto 75": esse filme, o segundo da sequência, foi dirigido por Jack Smight e estrelado por Charlton Heston, Karen Black, George Kennedy e Linda Blair, entre outros. A principal estrela do filme, no entanto, foi uma aeronave Boeing 747-123, alugada da American Airlines. Esta aeronave, matriculada como N9675, foi entregue à American em 25 de maio de 1971. Foi utilizada tanto para as cenas externas quanto para as internas, e teve uma longa carreira depois disso.
Foi arrendada para a TMA do Líbano por seis meses, entre 1976 e 1977, voltou para a American até ser vendida para a UPS, como N675UP. Foi aposentado por idade em 2005, e está esperando seu fim em Roswell, Novo México, desde então.
"Aeroporto 77": esse filme foi dirigido por Jerry Jameson e estrelado por Jack Lemmon, James Stewart e Lee Grant. Assim como os demais filmes, também utilizou uma única aeronave, um Boeing 747-123, arrendado da American Airlines e matriculado como N9667. Entregue à American em 08 de outubro de 1970, passou depois por diversos operadores como a Braniff, National, Air Afrique e, finalmente à United, que o utilizou até 1987. Foi desativado e desmontado em 2001, no Aeroporto Greenwood Leflore, no Mississipi.
"Aeroporto 80: O Concorde": Chamado nos Estados como "The Concorde...Airport '79", dirigido por David Lowell Rich e estrelado por Alain Delon, Susan Blackly e Robert Wagner, esse filme é, quase unanimente, considerado o pior e mais inverossímel da série. Sua estrela principal foi um Concorde da Air France, matriculado como F-BTSC.
No filme, a aeronave sofre um atentado e acaba se acidentando. Ironicamente, o F-BTSC foi o único Concorde acidentado na vida real, pois caiu após ter a asa incendiada durante a decolagem, no Aeroporto Charles de Gaulle em Paris, em 25 de julho de 2000. O acidente tirou a vida de 109 pessoas a bordo e mais 4 em terra, em Gonesse, França.
Muito bom Jonas.
ResponderExcluirAssisti a todos estes filmes e sempre me perguntei que fim teriam tido as aeronaves. Seu artigo é muito, muito legal. Parabéns pela criatividade de pautar assuntos aeronáuticos e pelos textos excelentes.
ResponderExcluirAdquiri estes filmes ontem e estou prestes a assistir. Como costumo buscar informações dos filmes antes de vê-los, achei e este post e fiquei maravilhado com seu conteúdo. Parabéns a todos os organizadores deste blog e por compartilhar informações que foram bastante pertinentes!
ResponderExcluirParabéns. sempre fui curioso em relação aos aviões usados em filmes. obrigado pelas informações.
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ResponderExcluirNunca imaginaria que o 707 do primeiro filme seria o acidentado em Guarulhos! Tampouco que o do filme de 79 seria o do desastre de Paris. Coincidências macabras!
ResponderExcluirMuito bom. Fiquei impressionado com a qualidade da informacao e em saber que o 707 terminaria seus dias na transbrasil. So gostaria de acrescentar que, o primeiro filme catastrofe (ou quase) aeronautica foi "The High and the Mighty" (no Brasil Um fio de esperanca) de 1954, estrelado por John Wayne e Robert Stack. Trilha sonora maravilhosa. Um classico como Airport.
ResponderExcluirO primeiro filme fez tanto sucesso aqui em BHZ, em 1973. Além de ter visto o filme, li o livro que um colega entusiasta comprou e me emprestou. Até recentemente, eu pensava que a aeronave seria um DC8, mas, foi um 707.
ResponderExcluirEm 1973, li outro livro do Arthur Halley, o "Triângulo das Bermudas" onde descreve o desaparecimento dos aviões de treinamento. Depois, recentemente, fizeram um filme chamado "Contatos imediatos de terceiro grau", onde encontram esses aviões.
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