Pouco depois de entrar em operação, a empresa aérea Gol estudou diversas maneiras de aumentar sua capacidade de operar na linha Congonhas - Santos-Dumont, o "filet-mignon" das linhas aéreas brasileiras. A aeronave padrão utilizada pela empresa, o Boeing 737-700 não se demonstrava suficiente para atender a grande demanda nesses aeroportos centrais, e o Boeing 737-800, maior, não era homologado para operar nas curtas pistas do Aeroporto Santos Dumont.
A Gol resolveu consultar a Boeing, para ver se não era possível incrementar a capacidade dos Boeing 737-800 de operar em pistas mais curtas. Os engenheiros da Boeing estudaram o problema e desenvolveram um "pacote" de modificações no modelo standard do avião, o qual foi denominado SFP - Short Field Performance.
O pacote de modificações Short Field Performance foi desenvolvido entre 2005 e 2006 especificamente para atender a GOL, que pretendia operar o modelo B737-800 nas pistas de 1.465 metros do Aeroporto Santos Dumont.
As modificações permitem acréscimo de peso de aproximadamente 4.700 kg (10.000 libras) para pouso e 1.700 kg (3.750 libras) para decolagem de pistas curtas. O pacote SFP inclui as seguintes mudanças em relação aos modelos B737-800 Standard:
- Os spoilers de voo são capazes de 60 graus de deflecção no pouso pela adição de atuadores hidráulicos com maior curso. Comparem isso com os atuais 33/38 graus dos modelos standard. A modificação reduz as distâncias de corrida na pista após o pouso e melhora a capacidade dos freios de para a aeronave dentro dos limites da pista;
- Os slats (na foto abaixo, os slats standard) são selados para decolagem com flap 15 (comparado com o atual flap 10) para pérmitir que a asa gere mais sustentanção com ângulos de rotação mais baixos;
- Os slats somente são estendidos totalmente quando os flaps estão além de 25 graus (comparado com os atuais 5). A função Autoslat é disponível de flap 1 até 25;
- A função de alívio de carga do flap fica ativa de flap 10 graus ou mais;
- Um tailskid (patim de proteção da estrutura da cauda) de duas posições fornece uma extensão extra de 127 mm (5 polegadas) para proteção da cauda no pouso. Isso permite maiores angulos de ataque e mais segurança para reduzir a Vref, o que diminui a corrida após o pouco, e oferece maior segurança de operação (foto abaixo);
- Camber do trem de pouso principal reduzido em 1 grau para aumentar a uniformidade de frenagem entre todos os pneus do trem de pouso principal;
- Redução do atraso de aceleração do motor entre idle e potência total de 5 segundos para 2 segundos;
- Revisão dos softwares do FMC e do FCC.
O pacote SFP tornou-se disponível como opcional para todos os Boeing 737-800 (Boeing 737-800 SFP) e é equipamento padrão em todos os Boeing 737-900ER. Algumas das modificações também podem ser aplicadas aos modelos 600 e 700.
O primeiro SFP voou pela primeira vez em 24 de janeiro de 2006 e foi operado pela Boeing em testes de certificação até a entrega da aeronave para a Gol, em 28 de julho de 2006.
Atualmente, a aeronave opera na Gol com a matrícula PR-GTA. Mais de 250 aeronaves modificadas foram encomendadas, não apenas pela Gol, mas também por outras empresas como a All Nippon Airways, Japan Airlines, GECAS, Alaska Airlines e muitas outras.
Adorei esta reportagem. Acredito que agora muitos irão prestar mais atenção quando verem um 737-800.
ResponderExcluirConstellation, como os aviões atuais são mais ou menos parecidos/semelhantes (sem a graça ou criatividade de antigamente), o que mais me chama a atenção neles são as asas (é linda a asa de um A380!). Que tal um post sobre o assunto?
ResponderExcluirE uma dúvida: as asas do SFP é mais longa do que a de um -800 comum?
José Paulo, sua idéia é boa, vou ver se consigo fazer algum artigo sobre o assunto asas. O modelo SFP tem a mesma envergadura dos demais B737-800 com winglets.
ResponderExcluirGostei das informações. Gostaria de saber qual o PMD que essas aeronave operam. Será a máxima de 79010 kg?
ResponderExcluirO Jonas o 737-800 que se acidentou c/ o Legacy era do modelo SFP ?
ResponderExcluirSim, Alexandre, era o PR-GTD, o quarto B737-800 SFP fabricado.
ExcluirMuito boa esta reportagem...
ResponderExcluirRapaz... maravilha viu!!
ResponderExcluircomo sempre aprendo por aqui.. obrigado!
ResponderExcluirAqui em Campina Grande essa aeronave é crucial, tanto para atender a demanda crescente da região, como para operar de forma segura nos 1600m de pista. O que eu não consigo entender é o porquê dos cancelamentos de pouso quando a aeronave está full de combustível, carga e passageiro quanto a pista está molhada? Ela não foi feita para operar em situações mais limitantes? Outra consideração é o porque os pilotos não solicitam a informação acurada do estado da pista (úmida, molhada e encharcada), se tiver chovido levemente duas horas antes, já é motivo de cancelamento. É uma norma para Empresas Aéreas de Voo Regular, ou é preciosismo da Empresa?
ResponderExcluirNão é preciosismo. Quando a pista está molhada é necessário aproximadamente 15% mais de pista.
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ResponderExcluirAgora SBMT vai poder receber um 737-800 SFP.
ResponderExcluirAqui em Montes Claros-MG o Aeroporto da cidade tem uma pista de 2.100 metros e 45 de largura com acostamento na pista, mas aqui a GOL opera com os Boeing 737-700.Mas com a criação desse pacote SFP para o Boeing 737-800 daria perfeitamente para pousar no Aeroporto de Montes Claros e acho até mesmo que é possível o Boeing 737-800 comum pousar no Aeroporto da cidade.
ResponderExcluirQualquer um dos 737 pode pousar em Montes Claro, mas o 700 tem 138 assentos e o SFP tem 186 assentos. Motivo deve ser a acupaçáo.
ExcluirGracias!
ResponderExcluirhttps://www.plimbi.com/article/164776/4-tips-belanja-hemat-yang-wajib-anda-pahami