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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Alcock e Brown: os verdadeiros pioneiros da travessia sem escalas do Atlântico

Um dos mais conhecidos mitos da história da aviação diz que Charles Lindbergh fez a primeira travessia sem escalas do Oceano Atlântico, em 1927. Entretanto, embora a façanha de Lindbergh tenha sido extraordinária, ele fez a primeira travessia solitária sem escalas do Oceano, mas não a primeira travessia sem escalas.
Coube aos ingleses John Willian Alcock e Arthur Whitten Brown realizar tal proeza, em 1919, muito antes de Lindbergh. Na verdade, duas semanas antes de Alcock e Brown, o Atlântico Norte já tinha sido atravessado por via aérea, por um hidroavião Curtiss NC-4, que voou apoiado por várias embarcações da Marinha American da Terra Nova até Lisboa, comandado por Albert Cushing Read.

John Alcock era Capitão da Royal Air Force - RAF, a primeira força aérea independente do mundo. Depois de servir na Royal Naval Air Service na Primeira Guerra Mundial, ser abatido e ser feito prisioneiro de guerra na Turquia, Alcock decidiu continuar sua carreira na aviação, resolvendo participar de um desafio lançado pelo jornal londrino Daily Mail, que oferecia um prêmio de 10 mil Libras Esterlinas para os primeiros aviadores a cruzar o Oceano Atlântico sem escalas.

Alcock, além de piloto, tinha talento para engenharia. Enquanto estava baseado na Grécia, durante a Guerra, projetou e construiu um avião de caça a partir de restos de aeronaves abatidas, que foi denominado Alcock Scout.

Para a travessia do Atlântico, o fabricante de aviões Vickers ofereceu a Alcock um bombardeiro Vicker Vimy modificado. A Vickers também contratou um navegador, Arthur Brown, para acompanhar Alcock na travessia.

O Vimy era um grande bimotor (13,28 m de comprimento por 20,75 metros de envergadura) capaz de voar a 100 MPH. Equipado com dois motores Rolls-Royce Eagle de 360 HP, tinha alcance original de 900, mas a aeronave de Alcock e Brown teve esse alcance bastante incrementado através da adição de tanques extras de combustível. O avião foi abastecido com 865 galões imperiais de gasolina para a travessia transoceânica.

Os dois aviadores resolveram tentar a travessia partindo do Canadá, para aproveitar os ventos predominantes de oeste.

O histórico voo finalmente partiu de St. John's, na Terra Nova (foto abaixo), à 01 h 45 min da manhã de 14 de junho de 1919. Chegou em Connemara, Irlanda, 16 horas e 27 minutos de voo, depois de percorrer 3.186 Km sobre o Oceano.
O voo não foi propriamente tranquilo: os motores sofreram alguns problemas, e Brown várias vezes teve que subir nas asas para remover manualmente o gelo acumulado nas entradas de ar dos motores. Alcock conseguiu pilotar em várias ocasiões sem nenhuma visibilidade, sob forte nevoeiro, e os dois tripulantes sofreram bastante com a neve entrando no cockpit aberto da aeronave.

O pouso ocorreu em Clifden, Connemara, na Irlanda, e foi desastroso. Os aviadores resolveram pousar no que lhes pareceu, do alto, um belo e firme gramado, mas tal gramado era na verdade um terreno encharcado e macio demais para suportar a aeronave. Os danos materiais foram severos, mas os tripulantes sairam incólumes.

Alcock e Brown não apenas ganharam as 10 mil libras do Daily Mail, mas também foram condecorados pelo Rei George V como Cavaleiros do Reino Unido (Sir), pela façanha. Até hoje seu feito é considerado um dos mais relevantes da História na Inglaterra, embora seja quase desconhecido do resto do mundo, que se lembra mais de Lindbergh e de seu vôo solitário.

O Vickers Vimy foi reconstruído pela Vickers e doado ao London Science Museum em South Kensington, onde permance até hoje. Uma estátua dos dois aviadores (foto abaixo) foi erguida em homenagem ao voo no Aeroporto de Heathrow, em Londres
John Alcock, infelizmente, faleceu em uma acidente apenas três dias depois de entregar o Vimy ao Museu, quando tentava voar até Paris em um Vickers 54 Viking. A aeronave chocou-se com o solo em meio ao nevoeiro, em Cote d'Everard, perto de Rouen, na França, em 18 de dezembro de 1919. Alcock faleceu antes que os serviços médicos chegassem ao local do acidente.

Arthur Brown foi definitivamente contratado pela Vickers como engenheiro e se estabeleceu no País de Gales. Faleceu em 04 de outubro de 1948 em Swansea.

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