A Boeing lançou o Boeing 777 nos anos 90 visando um modelo intermediário entre o Boeing 767 e o 747. A idéia inicial era simplesmente um 767 ampliado, mas a aeronave resultante do projeto tornaria-se um sucesso absoluto, competindo nas vendas inclusive com o próprio Boeing 747.
O conceito dos Boeing 777 tornou-se um sucesso devido aos motores (40 por cento mais potentes e 22 por cento mais econômicos que os do Boeing 767), à tecnologia empregada (foi o primeiro Boeing a possuir comandos fly-by-wire) e ao espaço interno oferecido aos passageiros (fuselagem de largura semelhante ao do 747).
A idéia da Boeing era oferecer um modelo 777-100, de menor capacidade e maior alcance (o B-Market), e um modelo maior, o 777-200, mas com menor alcance (A-Market). Os 777-100 foram oferecidos à Delta e à Continental, que não se interessaram pelo modelo, pesado e com custos altos por passageiro. O avião não entrou em produção, e a Boeing acabou oferecendo uma versão extra-longa do Boeing 767, o série 400ER em seu lugar. Historicamente, versões encurtadas de aeronaves comerciais nunca fizeram grande sucesso, e temos como exemplos os insucessos de aeronaves como o Boeing 737-600, o McDonnell-Douglas MD-87, o Airbus A318 e o Boeing 747SP.
O modelo 777-200 básico, destinado a rotas de curto alcance (3780 a 5150 NM) seriam substitutos lógicos para aeronaves como os McDonnell-Douglas DC-10-10 e Lockheed L-1011 Tristar, já bastante envelhecidos. Esse era o chamado A-Market. A Boeing falhou na avaliação desse mercado, e poucas aeronaves foram vendidas nesse padrão.
A maioria dos operadores preferiu o modelo B777-200ER, com MTOW (Maximum Take-off Weight) incrementado e alcance muito maior, entre 6000 e 7700 NM. Esse modelo até hoje é a versão mais bem sucedida do tipo.
O resultado disso foi um modelo rejeitado: os Boeing 777-200 A-Market são aeronaves muito pouco atraentes no mercado. A China Southern, que opera 4, há anos tenta encontrar um novo operador para as mesmas, e o mesmo ocorre com a Cathay Pacific. A British Airways operava 5 e conseguiu vender 2 (que operaram na Varig).
As duas aeronaves 777-200 adquiridas pela Varig (PP-VRC e PP-VRD) eram péssimas, especialmente se comparadas com os dois 777-200ER anteriores da empresa, que vieram novos de fábrica (PP-VRA e PP-VRB). Com alcance reduzido, não puderam atender as linhas de longo alcance e estavam em más condições. Os passageiros detestaram os aviões, repletos de defeitos.
Quando a Varig entrou em colapso, os Boeing 777-200 e 200ER começaram a ser devolvidos para as empresas de leasing, e os dois ex-British "encalharam".
Os aviões foram armazenados no Pinal Airpark, em Marana, Arizona. Depois de algum tempo, o ex-PP-VRD foi vendido para a Universal Asset Management para ser desmontado e voou pela última vez para Walnut Ridge, Arkansas, em dezembro de 2006, após ter operado por apenas 11 anos.
O ex-PP-VRD foi o primeiro Boeing 777 a ser desmontado no mundo, e teve uma vida útil curtíssima para uma aeronave de sua geração. Os McDonnell-Douglas MD-11, aeronaves da geração imediatamente anterior e conhecidos como problemáticos e grandes consumidores de combustível não tiveram nenhum exemplar aeronavegável desmontado até hoje, e o Boeing 767 mais novo que foi desmontado tinha 19 anos de uso.
O ex-PP-VRC foi vendido para o governo do Gabão, com matrícula americana. Sua situação e condição atual de vôo, entretanto, ainda é bastante incerta.
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Sei que a Gol comprou a RG e fechou, depois fez o mesmo com a Webjet e até agora ficamos onde? Acho que na m... mesmo!
ResponderExcluirMuito legal o artigo!
ResponderExcluirÉ verdade que a Transbrasil foi uma das launch-customers do 777? E que chegou a ter o arco-íris na cauda de um deles?